1.1.1. Estratégias metacognitivas para capacitar os alunos a planear, monitorizar e reflectir sobre a sua própria aprendizagem
O metacognição consiste em dois processos complementares, que são (1) o conhecimento da cognição, e (2) a regulação da cognição. O conhecimento da cognição refere-se ao conhecimento que os aprendentes têm de si próprios como aprendizes, ou seja, compreender a forma como aprendem, os factores que influenciam o seu desempenho ou as diferentes estratégias de aprendizagem adoptadas de acordo com a situação. A regulação da cognição refere-se à capacidade dos aprendentes de estabelecer objectivos, planear e monitorizar a aprendizagem e auto-avaliar os resultados da aprendizagem. Refere-se também às estratégias de aprendizagem a escolher e às decisões e mudanças a fazer. É importante envolver os aprendentes na colaboração e discussão activa desde as primeiras aulas e isto pode ser conseguido através da concepção de actividades de aprendizagem envolventes.
Como criar estas actividades de aprendizagem e que ferramentas digitais as podem apoiar?
Pode promover estratégias metacognitivas que fomentem a consciência dos alunos sobre a sua própria aprendizagem:
➢ convidando os alunos a contribuir para o desenvolvimento do plano do curso, pedindo-lhes que se apresentem e partilhem os seus conhecimentos ou experiência anteriores num determinado tópico,
➢ encorajando os alunos a reflectir e partilhar sobre quais são as suas estratégias de aprendizagem e quais os métodos de aprendizagem de que mais gostam,
➢ indicando o que irão aprender neste curso,
➢ convidando os alunos a partilhar as suas expectativas ou necessidades de aprendizagem,
➢ encorajando os aprendentes a criar um plano de estudo com os objectivos de aprendizagem estabelecidos e as estratégias de aprendizagem descritas,
➢ permitindo aos estudantes contribuir para a aprendizagem, escolhendo que tópicos gostariam de explorar mais, que tarefas completar e quando,
➢ ajudando os alunos a determinar individualmente o que já sabem e o que precisam de aprender para completar uma tarefa,
➢ promovendo a auto-reflexão e a auto-avaliação sobre como foram bem sucedidos e se atingiram os seus objectivos pessoais de aprendizagem,
➢ encorajando os aprendentes a rever e avaliar o seu processo de aprendizagem e as estratégias de aprendizagem que aplicaram.
Exemplo de estratégia 1. Fomentar a auto-reflexão sobre a aprendizagem
Existem ferramentas baseadas no Moodle ou externas que podem apoiar as actividades acima mencionadas. Por exemplo, uma ferramenta Padlet pode ser incorporada, permitindo a criação de um mural partilhado onde todos os estudantes podem partilhar as suas experiências de aprendizagem (fig. 1).
Figura 1. Um exemplo de uma ferramenta Padlet para promover o metaconhecimento dos alunos e recolher dados sobre experiências de aprendizagem (actividade criada para este material de formação, Tamoliune, 2022)
Tais actividades podem suscitar a auto-reflexão dos estudantes sobre como aprendem e o que é importante para eles aprenderem. Estes dados podem inspirar os professores sobre como ministrar ensino e aprendizagem para apoiar o desempenho, o empenho e a AAR dos alunos. Além disso, de acordo com os dados recolhidos, é possível rever o conteúdo do curso pré-desenhado, decidir se este cobre as expectativas dos alunos e se outros tópicos devem ou não ser acrescentados. Desta forma, mostrará aos seus alunos que espera que eles participem activamente. Assegure-se de que analisa as necessidades e expectativas expressas pelos seus alunos durante o curso e que fornece feedback sobre se podem ou não ser satisfeitas.
Exemplo de estratégia 2. Desconstruir e "pensar em voz alta" o processo de aprendizagem
Pode ajudar os estudantes a planear e pensar na sua aprendizagem, modelando o seu próprio processo de pensamento. Por exemplo, ao introduzir um trabalho, desconstrua o processo de desenvolvimento do trabalho dando instruções passo-a-passo sobre como completar a tarefa. Pode utilizar a ferramenta Moodle Assignment para fornecer os detalhes, desconstruindo o processo na secção de descrição (fig. 2.).
Figura 2. Exemplo de uma descrição de tarefa 'desconstruída' que leva os alunos a compreender as etapas envolvidas no desenvolvimento da tarefa (adaptado de Volungeviciene et al., 2021, p.140)
Exemplo de estratégia 3. Promover o pensamento crítico e a reflexão dos alunos
Ao conceber um curso, ter em mente que as actividades de aprendizagem devem inspirar o pensamento crítico, o interesse pessoal e a compreensão original. Estas actividades têm de despertar a consciência dos alunos sobre como aprendem e, ao mesmo tempo, informá-los sobre a forma como os alunos progridem com o curso.
Por exemplo, quando se pretende promover o pensamento crítico e a reflexão entre os estudantes, é bom fazer-lhes uma pergunta aberta e desafiadora. Poderá utilizar um fórum de discussão Moodle para estimular estudantes com diferentes perguntas, permitindo-lhes reflectir e partilhar os seus conhecimentos sobre um determinado tópico. Desta forma, os estudantes têm a possibilidade de auto-avaliar os seus conhecimentos e processo de aprendizagem (fig. 3), e observar se estão tão activamente envolvidos na aprendizagem e nas discussões como os seus pares. As perguntas para discussão podem também ser pré-concebidas de modo a que os estudantes possam responder-lhes enquanto estão em aula ou em qualquer altura indicada pelo professor.
Figura 3. Um exemplo de perguntas pré-definidas sobre o Moodle Forum (Trepule & Tamoliune, curso de mestrado "Conceitos de educação de adultos", Universidade Vytautas Magnus)
Naturalmente, ferramentas baseadas em AVA, como Feedback, Quiz, Wikis, também podem ser utilizadas na concepção de actividades de aprendizagem metacognitiva. Além disso, estas ferramentas recolhem vestígios do desempenho dos alunos. Mais sobre como criar ferramentas baseadas no Moodle e como diferentes ferramentas podem ser usadas para recolher e gerar dados é introduzido na subunidade 1.3.